A articulação do joelho é comumente afetada por lesões decorrentes de atividade física. Muitas delas são de tratamento conservador, porém existem inúmeras situações cujas lesões requerem uma intervenção cirúrgica. A grande maioria das lesões cirúrgicas que afetam o joelho, podem ser tratadas por procedimentos artroscópico, que agregam uma menor morbidade ao ato cirúrgico e permitem um pós-operatório menos doloroso associado a uma recuperação mais rápida. A lesões desta articulação, com maior prevalência, e requerem o tratamento artroscópico são: lesões meniscais, lesões do ligamento cruzado anterior e lesões condrais (cartilaginosas).
Os meniscos são estruturas ficrocartilaginosas que apresentam as seguintes funções na articulação do joelho:
Pacientes que possuem lesões meniscal, apresentam dores na interlinha articular, associado a bloqueio articular e também sensação de falseio (instabilidade). Para lesões periféricas, longitudinais menores que 1 cm, o tratamento é conservador. Logo, lesões longitudinais periféricas em pacientes jovens, maiores de 1 cm, apresentam indicação de sutura artroscópica.
A vascularização do tecido meniscal se faz na periferia o que tem fundamental importância no planejamento do seu tratamento. Somente o 1/3 periférico meniscal é vascularizado, ou seja, lesões que ocorrem fora desta área, possuem um baixo potencial de cicatrização. A preservação do tecido meniscal é fundamental para manutenção do equilíbrio articular, sendo que mesmo necessária em lesões com baixo potencial de cicatrização as meniscectomias (remoção meniscal) tendem a ser menores tentando-se preservar a maior quantidade de tecido meniscal.
Pacientes submetidos a sutura meniscal, devem evitar fazer flexões maiores que 90 graus por 45 dias e estão liberados a praticar atividades esportivas após 6 meses da cirurgia.
Paciente submetidos a meniscectomias parciais, são liberados a apoiar precocemente e geralmente retornam às atividades físicas após 60 dias. Convém ressaltar que existe uma variabilidade do tempo da recuperação pós-operatório devendo ser analisado caso a caso junto ao seu médico especialista.
O ligamento cruzado anterior é o principal estabilizador do joelho, e sua função impede o deslocamento anterior da tíbia em relação ao fêmur. Os pacientes com lesão deste ligamento, referem, muitas vezes, um episódio de entorse ou trauma desta articulação seguido de inchaço, dor e posteriormente, sensação de falseio.
A instabilidade provocada pela lesão deste ligamento, pode, à partir de 6 meses, causar lesões degenerativas da cartilagem articular. Após 5 anos, de lesão, 50% dos pacientes apresentam artrose da articulação do joelho e após 10 anos, 75% dos pacientes possuem este quadro.
Em 50% dos casos de pacientes que possuem lesão do LCA (ligamento cruzado anterior), possuem lesões meniscais associadas, sendo mandatório, investigarmos a ocorrências destas lesões. O exame clínico do paciente pode, com grande índice de acurácia, reconhecer esta lesão e os testes mais aplicados são o Lachmann e o Pivot Shift Test.
Atualmente, a indicação de tratamento para indivíduos ativos fisicamente que apresentam instabilidade anterior do joelho, é a reconstrução ligamentar com o uso de enxertos. Os enxertos mais utilizados no momento são: os tendões da pata de ganso (semitendinoso e gracilis) e o tendão patelar.
Desde 1997, utilizamos em nossa rotina a reconstrução do LCA com usto de tendões flexores (grácilis e semitendinoso). Esta técnica, além de ter uma morbidade menor, em nosso ver, permite um pós-operatório menos doloroso e uma estética melhor por não envolver um acesso anterior no joelho.
Em termos funcionais os enxertos citados anteriormente são equivalentes e indicados para este fim com total respaldo da literatura.
Os pacientes são orientados a mobilizar e apoiar precocemente do membro inferior acometido, sendo encaminhado ao acompanhamento de fisioterapeuta e educador físico.
Na grande maioria das vezes, os pacientes são liberados a retornar às atividades físicas de contato físico após 6 meses.
O Colágeno tipo II é um dos principais componentes da cartilagem e estão associados aos proteoglicanos e glicoproteínas. Sua rede aumenta a resistência tênsil tecidual e contribui para a agregação de macromoléculas.
Lesões condrais envolvem:
As opções de tratamento para as lesões condrais, osetocondrais e lesões degenerativas envolvem medidas não cirúrgicas como uso de condroprotetores, infiltrações articulares de de ácido hialurônico associados a fisioterapia. Dependendo do grau da lesão, da não resposta ao tratamento conservador, pode-se indicar o tratamento cirúrgico que variam de desbridamento condrais, microperfurações, enxertos osteocondrais (mosaicoplastia) ou até mesmo implante de condrócitos.
As microperfurações ou microfraturas são utilizadas com o objetivo de criar um revestimento fibrocartilaginoso em uma área restrita com ausência de cartilagem e exposição do osso subcondral.
A mosaicoplastia tem o objetivo de criar um revestimento com cartilagem hialina de área doadora do joelho para a cobertura do defeito condral.
Mostramos ao lado um caso de um paciente masculino de 33 anos com uma lesão osteocondral cística do côndilo femoral medial do joelho. O Paciente apresentava dores de forte intensidade e derrames articulares de repetição.